quinta-feira, 15 de maio de 2014

O IMPORTANTE NÃO É FICAR, É VIVER




 


"O IMPORTANTE NÃO É FICAR, É VIVER"
 
Me identifiquei com Mário de Andrade... 
              
   Eu não amo o Brasil espiritualmente mais que a França ou a Conchinchina. Mas é no Brasil que me acontece viver e agora só no Brasil eu penso e por ele tudo sacrifiquei. A língua que escrevo, as ilusões que prezo, os modernismos que faço são pro Brasil. 
                E isso nem sei se tem mérito porque me dá feliciade, que é a minha razão de ser da vida. Foi preciso coragem, confesso, porque as vaidades são muitas. Mas a gente tem a propriedade de substituir uma vaidade por outra. Foi o que fiz. 
                 A minha vaidade hoje é de ser transitório. Estraçalho a minha obra. Escrevo língua imbecil, penso ingênuo, só pra chamar a atenção dos mais fortes do que eu pra este monstro mole e indeciso aianda que é o Brasil. Os gẽnios nacionais não são de geração espontânea. Eles nascem porque um amontoado de sacrifícos humanos anteriores lhes preparou a altitude necessária de onde podem descortinar e revelar uma nação. Que me importa a minha obra não fique?
                É UMA VAIDADE IDIOTA PENSAR EM FICAR, principalmente quando não se sente dentro do corpo aquela fatalidade inelutável que move a mão dos gênios.  
O IMPORTANTE NÃO É FICAR, É VIVER.

EU VIVO.


1924 / Mário de Andrade.  


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