"O IMPORTANTE NÃO É FICAR, É VIVER"
Me identifiquei com Mário de Andrade...
E isso nem sei se tem mérito porque me dá feliciade, que é a minha razão de ser da vida. Foi preciso coragem, confesso, porque as vaidades são muitas. Mas a gente tem a propriedade de substituir uma vaidade por outra. Foi o que fiz.
A minha vaidade hoje é de ser transitório. Estraçalho a minha obra. Escrevo língua imbecil, penso ingênuo, só pra chamar a atenção dos mais fortes do que eu pra este monstro mole e indeciso aianda que é o Brasil. Os gẽnios nacionais não são de geração espontânea. Eles nascem porque um amontoado de sacrifícos humanos anteriores lhes preparou a altitude necessária de onde podem descortinar e revelar uma nação. Que me importa a minha obra não fique?
É UMA VAIDADE IDIOTA PENSAR EM FICAR, principalmente quando não se sente dentro do corpo aquela fatalidade inelutável que move a mão dos gênios.
O IMPORTANTE NÃO É FICAR, É VIVER.
EU VIVO.
1924 / Mário de Andrade.
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